Guerra Civil inicia desconstrução do Universo Marvel no cinema

Bom meninas agora vamos entrar num papo mais cineasta né

Capitão América: Guerra Civil inicia o período de desconstrução que a Marvel Studios pretende trabalhar na sua Fase 3. Com um roteiro mais dramático, apresentação de super-heróis importantes — principalmente o Homem-Aranha — e com um desfecho que permite aproveitar melhor os contratos dos seus principais atores, o estúdio traçou o caminho de suas produções até o desfecho de Vingadores: Guerra Infinita - Parte 2.

SPOILER ALERT: Este texto contém spoilers de Capitão América Guerra Civil.

Os Irmãos Russo, Joe e Anthony, foram os diretores de Soldado Invernal, voltaram para Guerra Civil e continuarão no posto nas duas partes de Vingadores: Guerra Infinita, tornando-os os principais nomes do estúdio, junto ao presidente da Marvel Studios, Kevin Feige. Já é perceptível no terceiro filme do Capitão América que eles trilham o caminho de desconstrução do que foi estabelecido nos últimos anos, assim renovando este universo com a inclusão de personagens, introduzindo novos conceitos e criando mais elementos para um evento gigantesco, como é esperado para o embate versus Thanos. Afinal, Helmut Zemo é o primeiro vilão que vence realmente nas produções estreladas pelos personagens da editora.

Com a criação do Tratado de Sokovia, não existe mais nenhum grupo de Vingadores legalizado, tornando ainda mais coerente a demora para o retorno da equipe em um longa próprio. O terceiro Thor conta com o subtítulo Ragnarok, o apocalipse da mitologia nórdica, e também deve ter um tom mais obscuro, já que o Deus do trovão teve visões negativas do futuro de Asgard em Era de Ultron. O longa ainda terá a presença do Hulk, que deve ser necessário para enfrentar uma ameaça de grande escala, de Loki, em posse do trono outrora de Odin e provavelmente a presença de Hela, a deusa asgardiana da morte. Os contratos dos atores já estão perto do fim, o que torna-se uma surpresa ainda maior a confirmação de Robert Downey Jr. no filme solo do Homem-Aranha.

Com os heróis mais populares ausentes, a renovação tende a focar em conceitos que o estúdio ainda não aproveitou. Mais do que nunca, o Homem-Aranha é um garoto. Toby Maguire não tinha cara de colegial e Andrew Garfield não correspondeu ao que a versão clássica do personagem possui, enquanto Tom Holland difere dos adultos ao seu redor ao soltar simples palavras com sua voz jovial. Ele é o centro desse novo período da Marvel Studios e parece corresponder a todas as expectativas. 

Ao lado do Cabeça de Teia, o já apresentado Pantera Negra, muito bem interpretado pelo Chadwick Boseman, dividirá os holofotes com o Doutor Estranho e a Capitã Marvel. Os três personagens são elementos novos aos planos que a Marvel tem trabalhado até agora. O príncipe de Wakanda será o primeiro negro a protagonizar um longa do estúdio, algo que pode ficar no subtexto da produção, principalmente se o vibranium do país africano for o objetivo dos vilões.

Mas é com a apresentação do Mago Supremo que a Marvel tem o objetivo mais complicado. O lado místico da Marvel ainda não foi trabalhado, nem mesmo nos poderes da Feiticeira Escarlate, fazendo com que Benedict Cumberbatch seja um reflexo do público. Outro desafio é produzir o filme da Capitã Marvel, já que a empresa ainda não conseguiu colocar uma mulher no papel principal e já recebeu críticas por não ter bonecos de Viúva Negra e Gamora entre os produtos no mercado. Como a origem da personagem tem elementos espaciais, provavelmente Os Guardiões da Galáxia sejam a ponte ideal para a inclusão de Carol Danvers.

A desconstrução que os Irmãos Russo começaram em Guerra Civil não fica presa apenas ao próprio longa ou ao trazer novos rostos às telonas, ela ainda tem a essência de desesperança que Vingadores: Guerra Infinita - Parte 1 pode trabalhar, já que este é o momento que tende a culminar com a possível vitória momentânea de Thanos. Como o confronto versus o Titã Louco está dividido em dois filmes, o primeiro deve ser bem mais sombrio e deixar o vilão mais próximo do seu poder máximo, mesma tática usada pela Warner Bros com Harry Potter.

Esta transição entre os personagens base dos Vingadores para novas produções mostra que a Marvel Studios tem como objetivo continuar a lançar filmes baseados nos quadrinhos da editora por muitos anos, principalmente depois que Guardiões da Galáxia e Homem-Formiga perderam o aspecto de  apostas e se tornaram grandes sucessos dessa leva de longas baseados em heróis.  Seja com Homem de Ferro e Capitão América de lado opostos, no colegial ao acompanhar um gênio repleto de poderes e responsabilidades ou na jornada de um cirurgião arrogante pelo plano astral, fica a certeza de que haverá muito Universo Cinematográfico da Marvel nos próximos anos.

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